top of page

“Zona Contaminada”: o Grupo Teatro Rua estreia nova montagem e esgota ingressos antes da primeira apresentação

  • Foto do escritor: carvalhoagenciacultural
    carvalhoagenciacultural
  • 16 de out.
  • 4 min de leitura
ree

O Grupo Teatro Rua, reconhecido por suas criações que aliam rigor artístico, crítica social e poética visual, estreia neste sábado, 18 de outubro, às 20h, no CEU – Centro de Artes e Esporte Integrados, em Poços de Caldas, o espetáculo “Zona Contaminada”, livre adaptação da obra de Caio Fernando Abreu. A produção, realizada através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, surpreendeu pela adesão imediata do público: todos os ingressos foram esgotados em menos de uma hora e meia, logo após o início da distribuição.

 

Mais do que um simples sucesso de público, esse esgotamento antecipado revela a consolidação do grupo como uma das vozes mais pulsantes da cena teatral contemporânea da região, capaz de mobilizar espectadores em torno de uma experiência que une estética, pensamento e urgência política.


Um estudo sobre o humano em tempos de colapso

 

Durante mais de um ano, o Teatro Rua se debruçou sobre o universo de Caio Fernando Abreu — sua biografia, o contexto histórico de sua escrita, as camadas simbólicas e os atravessamentos entre literatura e teatro — para desenvolver uma adaptação que dialogasse com o nosso tempo.

 

O resultado é uma criação que transpõe o texto original para um futuro distópico, em que as flores desapareceram, a cidade é ruína e vigilância, e as mulheres sobreviventes são caçadas como última esperança de reprodução da espécie. Nesse território devastado, Carmem e Vera, duas irmãs radicalmente diferentes, resistem de modos opostos: uma pela imaginação e pela fantasia, outra pelo instinto e pela carne.

 

Entre ambas, emerge a figura de Nostálgio, a memória daquilo que o humano já sonhou e perdeu; e de Nostradamus Pereira, porta-voz do Poder Central, uma força totalitária e patriarcal que impõe controle absoluto sobre corpos e desejos. No horizonte, o mítico Homem de Calmaritá oferece a promessa de uma terra onde ainda seria possível recomeçar — uma miragem de utopia que faz o público se perguntar: haveria ainda um mundo melhor fora deste que conhecemos, ou já estamos, nós mesmos, contaminados?*

 

O espelho de um presente contaminado

 

Em tempos marcados por crises climáticas, desigualdades profundas e o esgarçamento das relações humanas, “Zona Contaminada” não se contenta em representar um futuro distante. A montagem propõe uma leitura simbólica e visceral de um presente em decomposição, onde as fronteiras entre distopia e realidade se confundem.

 

Segundo a diretora Leidy Nara, “a peça não fala apenas de um mundo devastado — fala daquilo que ainda resta de humano em meio ao caos. Fala sobre as escolhas éticas e afetivas que fazemos para continuar existindo”.

 

O ator Lincoln Vieira complementa: "Durante nossas pesquisas sobre qual seria a próxima montagem do nosso grupo, nossa bússola era uma peça em que nós 5 estivéssemos em cena juntos, então eu fui lendo e pesquisando e em uma madrugada finalmente encontrei o texto Zona Contaminada, do Caio,  li inteiro e tive a certeza que seria o nosso texto e que todos do grupo iriam concordar: não deu outra! Todos se apaixonaram pela dramaturgia e foram unânimes sobre a escolha. A partir daí, agosto de 2024, não paramos mais de estudar a obra. Inclusive nos reunimos com um professor mestre pela USP que foi amigo íntimo do Caio e nos mostrou muito sobre a vida e dos estudos literários sobre o autor.".

 

Criação coletiva e força cênica

 

Fiel à sua metodologia colaborativa, o Grupo Teatro Rua estruturou a montagem como um processo de criação coletiva, no qual todos os intérpretes participam da construção dramatúrgica e da pesquisa de linguagem. O resultado é uma cena de forte fisicalidade, marcada por imagens poéticas e pelo embate entre o humano e o inumano — um jogo de forças onde o corpo é resistência e linguagem.

 

A iluminação, também assinada por Leidy Nara, atua como um personagem silencioso, revelando e ocultando espaços, sugerindo presenças e instaurando atmosferas de ameaça e desejo.

 

ree

Sobre o Grupo Teatro Rua

 

Fundado em Poços de Caldas em 2023, o Grupo Teatro Rua, apesar de recente, é reconhecido por seu compromisso com a pesquisa estética e com a criação de espetáculos que tensionam o limite entre o real e o poético. Suas montagens são fruto de investigações coletivas que buscam refletir criticamente sobre o tempo presente, abordando temas como identidade, opressão, resistência e memória.

 

Com “Zona Contaminada”, o grupo reafirma sua trajetória de teatro comprometido com a arte, a reflexão e a transformação — um teatro que não apenas representa o mundo, mas o interroga.

 

Ficha técnica

 

Elenco (interpretação e construção coletiva):

Aldo Vieira, Anariel Trindade, Dani Silva, Julia Oliveira, Lincoln Vieira

 

Direção e Iluminação: Leidy Nara

Produção Executiva: Danielle Vilas Boas

Contrarregra: Andressa Rodrigues

Operação de Som: Guilherme Assis

Fotografia: João Ferreira

Intérprete de Libras: Mayara Sena


Serviço

 ZONA CONTAMINADA – adaptação da obra de Caio Fernando Abreu

📅 18 de outubro (sábado), às 20h

📍 CEU – Centro de Artes e Esporte Integrados – Rua Miguel Calixto, 1153, Poços de Caldas

🎟️ Entrada gratuita – ingressos esgotados

🤟 Espetáculo com acessibilidade em Libras

🚫 Classificação indicativa: 18 anos

 

⚠️ A entrada será permitida a partir das 19h45 e, para preservar a experiência cênica, não será possível entrar após o fechamento das portas.

 

Para o público que não conseguiu ingresso, o grupo recomenda acompanhar o perfil @grupoteatrorua no Instagram, onde poderão ser divulgadas eventuais devoluções ou cancelamentos até o dia da apresentação.

 

Projeto realizado por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, com incentivo do Hotel Village Inn Poços e apoio da Agro Rações Uai e Restaurante E&E.

 
 
 

Comentários


bottom of page