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Exposição “Retratos Invisíveis – Memórias do Silêncio” permanece na Biblioteca Centenário até 22 de agosto

  • Foto do escritor: carvalhoagenciacultural
    carvalhoagenciacultural
  • 30 de jul.
  • 3 min de leitura

Obras de Bjuá Masofie propõe um olhar crítico e sensível sobre raça, gênero e o trabalho doméstico

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A exposição “Retratos Invisíveis – Memórias do Silêncio” da artista Bjuá Masofie, que integrou a programação do Festival de Inverno de Poços de Caldas, segue para visitação na Biblioteca Municipal Centenário (Espaço Cultural da Urca) até o dia 22 de agosto. 


A mostra nasceu inicialmente dedicada à memória de Laudelina de Campos Melo, mulher negra, trabalhadora doméstica e pioneira da luta política da categoria no Brasil — nascida em Poços, mas tantas vezes esquecida por sua cidade.


Durante o processo de pesquisa e criação em torno de Laudelina, algo pulsou mais fundo: a memória da avó da artista — mulher negra, que viveu o trabalho doméstico como destino, mas carregava em si alegria, sabedoria e força. Foi ela quem, mesmo sem saber, plantou as primeiras sementes dessa exposição. Com um pano de prato nas mãos e uma canção do Agepê nos lábios, ela ensinou o valor do simples e da resistência cotidiana.



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Uma travessia entre o mar, a casa e o gesto

A exposição propõe uma experiência sensorial e reflexiva. Dividida em núcleos temáticos, começa simbolicamente no Atlântico — território da diáspora, do silêncio forçado, da ruptura. Ao longo do percurso, o trabalho doméstico é ressignificado: o pano de chão vira suporte artístico; o gesto de limpar, um ato de criação. As figuras femininas são representadas em ação — lavando, cuidando, servindo — mas seus rostos estão ausentes. A ausência não é falha: é escolha. É denúncia. É crítica à invisibilidade social que atravessa gerações de mulheres negras no Brasil.

Pintadas sobre algodão cru com giz oleoso, as obras exigem do corpo da artista o mesmo esforço braçal exigido no ato de servir. O atrito entre o material e a superfície reverbera as cicatrizes históricas deixadas pelo trabalho precarizado e não reconhecido como ofício ou cultura.


A permanência da exposição “Retratos Invisíveis – Memórias do Silêncio” para além da programação oficial do Festival de Inverno reforça seu caráter atemporal e necessário. Mais do que uma mostra visual, a proposta é um convite contínuo à escuta sensível e à presença plena. O espaço expositivo foi concebido como um ambiente de reflexão silenciosa, onde cada pessoa pode percorrer o trajeto no seu próprio tempo, com todos os sentidos.

Não há mediação guiada. A vivência é íntima, introspectiva e corporal. Para quem deseja interagir de forma ativa, mesas com panos e giz permanecem disponíveis, como um gesto de devolução — um lugar para deixar marcas, palavras e silêncios. A continuidade da exposição amplia sua potência política e poética, permitindo que mais pessoas entrem em contato com as histórias invisibilizadas que ela evoca.



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Mais do que uma exposição, uma provocação

“Retratos Invisíveis – Memórias do Silêncio” transforma a ausência em matéria e costura o apagamento com memória viva. Ao reunir arte, afeto e denúncia, a exposição propõe deslocar o olhar, tensionar estruturas e afirmar que as mãos que serviram também produzem história, beleza e cultura.

Essa mostra é uma homenagem às mulheres que sustentaram o cotidiano deste país — muitas vezes sem nome, sem rosto, mas nunca sem importância.


A exposição “Retratos Invisíveis – Memórias do Silêncio” é uma realização da Prefeitura Municipal de Poços de Caldas / Secretaria Municipal de Cultura, idealizada e produzida por Bjuá Masofie e conta com apoio cultural da Carvalho Agência Cultural.


Para saber mais acompanhe as redes sociais da artista @bjua.masofie


SERVIÇO

Exposição “Retratos Invisíveis – Memórias Do Silêncio”

Visitação: até 22 de agosto de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h30

Local: Biblioteca Municipal Centenário (Espaço Cultural da Urca, s/n, Praça Getúlio Vargas, Centro, Poços de Caldas)

Entrada gratuita.


Fotos: Renan Daversa

 
 
 

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